quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Escultura

A ex-piração virou tradição
A ex-tradição, cultura
Es-cultura em ex-posição
Agora, a ex-pressão é livre
E já não se ouvem os acordes da es-canção
O que ficou foi a ex-animação do ex-ator ao ver a peça censurada no ato

Es-quadro virou peça de museu
E a es-tela do cinema é coisa de outros templos

Ex-altar agora é terreiro
Ex-orar: agora suplicar
Ex-pecar: agora pagar pelos pecados
O es-tridente ainda foge da cruz
Es-guia também se perdeu
Deixando a es-cura sem remédio

O ex-tinto já foi pro vinagre
O es-malte virou cerveja... que serviu ao es-trago
Es-carpa caiu na rede
E a es-cama-dura agora é coxão mole
O es-touro se transformou em boi manso
Es-puma virou churrasquinho de gato
Es-quilo agora é self-service

O es-batimento do ex-pulso é de morte
E, ainda assim, o es-cara-velho conserva uma criança dentro de si
Com o tempo, o es-cabelo foi reimplantado
E a ex-ótica do es-bugalho, recuperada
O es-cravo fugiu com a rosa
Do es-pinho fez-se o nobre violão

Es-mero se complicou
Es-trato foi quebrado
Es-tribo faz da TV programa de índio
O es-perto já está distante
E o es-paço se perdeu por caminhos errantes
Pé no chão: ex-ame, agora deixe-o!

Só nos resta ver nascer novamente
O ex-poente sol
Em ideias ex-aladas que tão alto voaram e estão de volta à Terra na forma de sentimentos profundos

No fim de semana, a camisa e o short são o ex-terno
que fazem do ex-tenso um pacato cidadão
E da es-carola, uma dama da noite

Es-cada: de degrau em degrau, o todo pela parte
Es-tudo: já não é nada e, ainda assim, és tudo
Ex-terminado... começa tudo de novo com a ex-piração

Este texto foi escrito por mim, em parceria com a jornalista Cimara do Prado, em um período de férias como esse, há 20 anos. Fazia faculdade e trabalhar com as palavras era um desafio que me atraía bastante.

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