quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A voz e avós

Onde estará aquela incontida alegria que minha voz continha?
Por que manifesta-se cansada essa voz
que outrora impulsionava incansáveis manifestos?
O que há com aquela criatura que não crê mais no que cria?
Por que será que dizemos "sentir muito" pela impossibilidade de sentir?

A voz cala o grito
Outrora a voz gritava o que calava
Há voz no silêncio que se faz ouvir

O que há com a voz que troca idílios sentidos por trocadilhos sem sentido?
Por que depois de tanta tentação só nos resta tentar outra ação?
O que faz a voz ganhar vida na dúvida e na dívida?
Por que será que depois de termos nos entregado a tudo,
a voz diz "por nada"?

A voz grita sufocada pelos calos vocais
Vogais calam os gritos consoantes
Revogamos e sentimos muito por nada mais sentirmos

Fomos a voz!
Agora, somos apenas avós
Aliás, a duras penas

Nenhum comentário:

Postar um comentário