terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
Retrato da Vida
Uma poesia sem rimas, um coração que não ama, um passado condenado, um presente exaustivo, um futuro programado. Uma música sem ritmo, uma nota desafinada, mil tons errados. Um disco que não toca, um rádio que não fala, uma vida sem harmonia. Um livro sem páginas, uma frase sem sentido, um caminho sem destino, uma corrida sem chegada. Um texto sem enredo, sem personagens, sem sentido, uma história sem fim. Um relógio que já não marca mais as horas, nem os minutos, nem os segundos, uma ação sem reação. Uma folhinha perdida no tempo, o mundo girando ao meu redor, o vento batendo em meu rosto, o futuro batendo em minha porta. Um dia mal vivido, uma noite mal dormida, um céu sem estrelas, um voo rasante, um pensamento desordenado, um sonho acordado: estou certo de que tudo está errado. Uma hora sem minutos, um minuto sem segundos, mais um dia que se passa, mais um companheiro que se vai. Um país desgovernado, um universo sem rumo, um planeta jogado no espaço. Uma televisão sem imagens, um dia sem fatos, uma vida sem direção, os olhos fechados para o mundo. Uma vida em rascunho, sem tempo de passar a limpo.
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